domingo, 25 de julho de 2010

Universo: Ônibus



Oi Pessoal!
Ando meio sem inspiração ao longo desses dias, algumas chateações tem me tirado a vontade de pensar e escrever. É fase, implicâncias da vida, logo passa.

Foi difícil para mim botar isso aqui para funcionar, minha mente andava preguiçosa e eu não tinha saco, nem tempo pra ficar divulgando o blog em comunidade.
Mas com um pouco de insistência, com ajuda de Zeus; o rei do trovão( aleluia, senhor! ), e a atenção de pessoas muuuuuito legais, sensíveis e inteligentes que aqui acompanham ( a ênfase no muito, não foi ironia! ^^), o blog deu uma engrenada...
Então, não queria deixar aqui no vácuo, pra não acabar morrendo( o blog, não eu! o.O)...
Então, resolvi postar uma coisa ( eu não ia postar ) que tinha escrito num dia de bom humor ai...
É meio ( quase inteiramente) idiota, mas pra alguém ( que for abobado) pode servir para alguma coisa, assim como serviu pra mim ( que sou abobada ).

P.S.: Ta meio mal escrito, é que tá frio,to com um pouco de preguiça de corrigir o texto e descobri ontem que estou com câncer na cabeça...



- Calma, é brincadeira. há.
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Quem ai anda de ônibus?
Eu ando/- Tristeza não tem fim, felicidade sim...

Pois é, volta e meia tenho que enfrentar o busão para estudar e são praticamente 1:30hora de ida e a mesma coisa a volta, em resumo: 3 horas durante os dias de ônibus eu passo sentada com a mente perdida e um baita encomodo na bunda ( tá, tá, glúteos), costas e pescoço.

Tanto tempo e tanto dinheiro ( 3 e 55 a passagem, absurdos que se perdem em caixa dois ) não podem ser inútil, ou tão mal aproveitado, como ficar pensando : que merda de banco duro, porcaria de motorista, quanta gente fedida, pelamordedeus abram as janelas, calem a boca, quero dormir, velha maldita daqui eu não levanto, ai que dor...
Então me ocorreu escrever sobre algumas coisas que eu faço e que todo mundo pode fazer quando não suportar o tédio do ônibus ( já que ler no sacolejo é um grande desafio ).
Não são idéias maravilhosas, são bobeiras que descobri na rotina,pois de tanto não ter nada o que fazer, a mente acaba achando com o que se distrair e as vezes até acabo me divertindo, se não rindo, sozinha.

Hoje, durante a ida, eu embarquei numa coisa muito idiota, mas foi divertido ( ou quase ).
No eterno mar de tédio onibusal cujo qual eu me encontrava boiando, enquanto olhava tudo correr janela a fora, já sentindo o estomago reclamar num embrulho, sem querer encontrei uma sujeirinha no vidro da janela, um pouco acima do nível dos olhos, e debilmente fiquei observando ela.

O engraçado é que ela tinha forma de um animalzinho ( noossa, super engraçado), e de tanto olhar, percebi que ela parecia correr contra tudo o que estava lá fora. Ai reparei que quando minha cabeça se mexia pro lado ou pro outro, pra cima ou pra baixo de acordo com a movimentação do ônibus, vi que o pontinho respondia ao contrário ao movimento do meu olhar ( oh, descoberta incrível ).
Se abaixava um pouco a cabeça o pontinho subia em relação as coisas do lado de fora, o contrário acontecia se eu levantava a cabeça, e o movimento para frente e para trás ( em sentido paralelo ao vidro ) correspondia com a desaceleração e a aceleração do pontinho em relação aos objetos de fora.
Então me ocorreu transformar minha incrível descoberta- meu pai se chama Newton- num game real! *_*

Como o ônibus anda devagar e as vezes parando, fica fácil brincar com isso.
No caso, eu sou o pontinho e posso correr, pular, voar, por cima das casas e prédios lá fora. Hehe
Foi totalmente retardado o negócio, porque eu me enpolguei e tava empenhada no desafio. Baixava e levantava, ia pra frente ou pra trás com a cabeça pra controlar os movimentos do pontinho. Quando o ônibus parava nos pontos eu aproveitava pra lutar com alguma letra do out-door, ou com alguma pessoa na rua, ou pegar ( imagináriamente) algum objeto, reabastecer energia e vida, pulando em cima dos desenhos de coisas nas placas e propagandas... Enfim, vale a capacidade de ser criativo e imbecil de cada um.
Então quando eu cansei, eu marquei o lugar onde eu parei de jogar e salvei a fase, pra no outro dia continuar dali. Hahaha (ria, por favor)
Isso é extremamente idiota ( o auto-ataque é melhor defesa), mas eu só reparei depois de brincar, quando senti que estava sendo meio que observada. Não me aguentei e tive que rir sozinha, imaginando a cena pra quem vê de fora e não entende a a brincadeira. Ainda que fui discreta, agora imagina uma pessoa que se empolga na parada e começa a fazer barulhos com a boca, levanta e senta para manobras radicais, se empolga de verdade.

-Crendios pai, olha aquilo, deve tar possuido.

E tem mais, dá pra até desenhar seu personagem na janela se não se contentar com uma manchinha em forma de bichinho, aueha. Tipo com acessórios, armadura e pá.

E se o motorista for pé de chumbo, ae o jogo é mais complicado, seus movimentos e reflexo terão que ser rápidos. he-he
Por favor se alguém tentar fazer isso no ônibus, deixe aqui seu comentário, me xingando, ou não, sobre a revolucionária experiência !

Garanto que esse é um bom exercício pra testar sua paciência e imaginação. ;x

P.S.: A foto foi montagem de minha autoria. No paint. Incrível né? Eu achei. u.u
Prestando homenagem ao hilário e idiota Jim Carrey. ^^ ( noossa, ele não vai nem dormir hoje, tamanha a felicidade.)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A verdade sobreposta

Desisto, sento na cama e me deparo em frente ao espelho, mas o que eu vejo ali, refletido naquele vidro, não sou eu.

Intimista me olha, cabeça baixa, parece que bufa, vigilante, quer atacar.

Eu estou aqui, observando, na beira da cama, dividida entre o que sinto e o que vejo. O que vejo, é minha imagem, parece também estar me observando, e o que sinto, diz que algo me observa sim, mas o que ele aparenta é apenas uma máscara: a minha.

Por um momento a imagem se destaca e tudo refletido ao redor parece brilhar e pulsar. É como se estivesse em uma transformação quântica, energética, ou extra-física. Então o que a princípio era uma dualidade, duas realidades opostas, um delírio talvez, em seguida se revela apenas uma única verdade. A verdade é que as oposições se sobrepõem; a realidade que eu desejo é manchada pela qual agora eu vejo através do espelho.

Não sou eu, mas faz parte do que eu sou.

Parece ser um monstro que se apropria de mil formas. Monstro da desgraça, se alimenta do medo e dos vícios, produzindo cada vez mais aquilo que consome. De repente minhas dores ganham sentido, elas vêm dessa dimensão obscura, são resultados da inércia, que não é minha, mas que age em mim. E são alimentados por este, que agora me observa.

Minha visão então sai do foco, se embaça por um instante, parece que se interioriza e no momento seguinte torna a estabilizar. Parece não haver mais nenhuma presença, é mesmo meu reflexo frio que voltou ali fixar, ninguém mais bufa do outro lado, por enquanto. E eu sei que voltará, recolheu-se da consciência, para nos confins do inconsciente repousar, me acompanha, da mesma forma como a maioria das pessoas parece ser acompanhada.

É essa presença pesada, perturbadora, e muito bem disfarçada, que incomoda, descontrola e alastra sutilmente a loucura entre os homens e mulheres, cujos quais de geração a geração cegamente a sustentam, sem perceber que por trás das imagens e de todo sentimento, há um reflexo sinistro. São monstros que arrastam muitos para o poço escuro e detestam ser descobertos.

-Descubra-o - sussurra o espelho.

É de madrugada, não consigo dormir.
Eu, saturada, talvez esteja apenas com os sentidos confusos, ou então o espelho tem razão, que toda essa confusão, seja na verdade uma alerta - despertar da escuridão e ver enfim que o que vive dentro de nós é uma inconsciente prisão - e não delírios apenas.

sábado, 17 de julho de 2010

Voltando para casa...

Essa é uma sensação mágica, tão conhecida, mas também tão distante da memória.
Eu cresci e esqueci como é me sentir assim.

Enquanto subo as escadas, é como se as lembranças submergissem à luz da consciência, cada vez mais, degrau por degrau.
As árvores ao redor, o silêncio e o ar gelado desse lugar vão me envolvendo profundamente, não se trata apenas de uma casa, não é apenas um quintal, nem é somente uma mata que o circunda, é na verdade, para mim, um outro universo.

As vozes e os barulhos da rotina vão se afastando rapidamente à medida que me aproximo daquilo que à um tempo foi a minha vida, uma vida de alegria, mistérios e descobertas: o lar da minha infância.

Não sei bem como explicar, parece que algo mais profundo está acontecendo, o sol brilha diferente aqui, é morno e acolhedor, não é mais aquele sol agressivo do qual tanto eu fujo. Venta forte, venta suave, incrível como sempre venta aqui. As árvores e toda a mata, no seu eterno balançar, folhas que farfalham quase como o som das arrebentações no mar. O movimento das copas formam uma orquestra, são ondas velejando, uníssonas, na harmônica integração da natureza.

Cruzo a varanda, abro a porta, pesada, antiga. Quantas vezes a abri num solavanco, correndo com passinhos curtos de criança, gritando pelo pai e pela mãe, para contar eufórica a desgraça do vizinho, ou chorar em desespero o corte que ganhei no tombo que levei.

Todos os móveis, todos os cantos dessa casa me conhecem. Eles me observam simpáticos, de braços abertos me cumprimentam receptivos, devem estar pensando : olha quem voltou, e como cresceu!

Mais uma vez subo escadas, enroladas em caracol, uns anos atrás elas pareciam tão grandes, agora mal passo por entre os dois corrimãos.
Estranha é sensação de entrar naquele quarto, também parecia ser muito maior.
Caminho lento, invocando inconsciente discretas lembranças de menina.
Abro as janelas, teias de aranhas se rompem, o vento entra, me atinge, me rompe também. A paisagem invade os olhos, me rouba o ar. Tudo lá fora parece brilhar, cintilam luzes, espalham cores. E quantas cores... Nunca havia percebido a quantidade de cores que pulsam da mata, só de verdes parecem ser milhares!
Lembro-me das tantas vezes em que me imaginei pulando daquela janela alta, num impulso tão grande que me fizesse voar veloz por entre as arvores, explorando a profundeza verde, densa e misteriosamente cheia de perigos, que jazia ali. Até leões imaginava saindo da escuridão úmida da floresta.
Deito na cama, era onde dormia minha mãe, esse era seu quarto. Ela tinha poderes mágicos e me disse certo dia que foi o quarto que a ensinou muito desses poderes. Talvez agora ele também pudesse me ensinar...

Cama gelada, meio úmida, suave cheiro de bolor. Tudo aqui parece ser úmido e embolorado. Quem sabe eu pudesse trazer vida e movimento aquela casa novamente.
O ar entra e circula. É o mesmo ar no qual corvos voam sobre o teto, e ele trás algo para mim. Parece carregado de sentimentos, ou melhor, parece carregado de essência. Entra pelos meus pulmões, expande meu corpo e me diz que esta é a essência do que sou.
Uma paz profunda me toma, é um momento impagável, a vida me trouxe ali novamente e me mostra o que é realmente indispensável.
Soa como um convite. Um convite para abrir as portas e janelas da casa-infância que reside em mim e em todos nós, e deixar esse vento circular, varrendo todo o bolor impregnado nos sentimentos reprimidos.

Quando eu estava confusa, procurando desesperadamente saídas, uma pessoa me disse para parar e cultivar a minha essência. Por um tempo eu me perguntei qual era ela, e sem respostas certas, comecei a me dedicar e assumir as coisas que me fazem bem, escrever é uma delas. E devo dizer que deu certo, a confusão se transformou em algo produtivo!

Então o destino quis que eu voltasse a morar no lugar em que mais me traz inspiração. E no momento em que deitei na cama, o vento me atingiu e me fez sentir tão nítido a tal da minha essência, cuja qual acredito que seja a essência perdida de todo ser humano.

Respiro profundo, solto o ar com alívio e grata sorrio: - sim, meu lar, acho que estou voltando...