segunda-feira, 26 de março de 2012

Pequena velha criança


Ouço sua respiração de singela tornar-se pesada. Controla-se afim de não desaguar, mas aos poucos ofegante, o inevitável parece dolorosamente se aproximar. É seu choro contido, engatado em cada célula do seu corpo, prestes a romper no silêncio da noite solitária.
Em trancos seus músculos se contraem, são jorros de emoções tantos anos aprisionadas. Vítimas amordaçadas de tantas repressões, agora no auge da sua idade elas enfim se libertam.
Pequena velha criança, apesar de toda maturidade se vê mergulhada em infinitas perguntas não respondidas. Ninguém se esforçou para lhe ajudar, e quando por suas mãos conseguiu se guiar descobriu que não havia a verdade absoluta para qual caminhar.
Arrependimentos não vão te fazer retornar e você sabe. Sabe que todo sofrimento que passou não podia ser evitado, e se agora chora, não é por tristeza, nem por tudo que deixou escapar.
Chora por vontade de chorar... Chora para se lavar...
Oferece suas lágrimas em agradecimento e sussurra ao invisível, que se hoje chora feliz, é porque apesar de tudo, você ainda consegue chorar...
Pequena velha criança que busca se encontrar, enxuga as lágrimas, fecha os olhos e escorrega aliviada no breu, mergulhando lentamente
Para dentro de si mesma...


quinta-feira, 8 de março de 2012

Peito à dentro



Abraça lento o vento

Deleita-se em acalento

Farfalham folhas secas

Anunciando a lua branca

Uma fuga atrás das nuvens escuras.


Atravessa calma sua voz meu peito à dentro

Esse que aberto, repousa no breu noturno

Pulsando embriagado, de tanto sentir-se amado...