tag:blogger.com,1999:blog-90387773764530976142023-11-16T06:10:05.012-08:00VentandoBeêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.comBlogger43125tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-14083258154761353822014-11-16T12:06:00.002-08:002015-04-16T06:02:06.291-07:00MeninoNoite chuvosa e lá vem o garoto mirrado, descalço e sem camisa, rompendo o som da chuva com os galopes do seu cavalo marrom. Ele atravessa a praça iluminada e avança nas antigas ruas de paralelepípedos da pequena Antonina. Segue veloz cidade à dentro, compondo uma cena linda junto com as ruas molhadas que refletem as luzes brancas, amarelas e laranjas dos postes.<br />
Quanta força num ser tão pequeno, que com seus poucos anos apunha o arreio com a segurança de um homem! Todo encharcado deixa seu pequeno corpo sacudir abandonado enquanto seu parceiro corre parecendo estar gostando tanto quanto o menino desse momento de desbravamento e liberdade.Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-39573405438364542532014-08-19T08:51:00.003-07:002014-08-19T08:56:08.759-07:00SábadoCaminhando sem lugar a qual chegar, paramos para conversar. Sentamos sobre grandes rochas, coração se abrindo, emoções sob a garoa. Guarda-chuva, amizade, proteção. Campo aberto à frente, o vento fazendo o capim plumoso dançar. Dos arbustos às árvores, a natureza cintilava sua beleza, sua verdade e força. E nós, mesmo ali no topo, tão frágeis.<br />
Era um sábado nublado, e bonito.<br />
<br />Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-80009387247471225642014-05-14T04:03:00.001-07:002014-08-19T09:04:13.984-07:00SonhoObrigada por me acordar devagar, essa música...Que suave.<br />
Lembro do sonho, estava em um precipício, e as ondas quebravam intensas no costão lá em baixo. Havia alguém sentado numa das pedras, firme e sereno em meio a violência do mar. Sua voz ecoava na minha mente antes mesmo de vê-lo. Seu olhar atravessou a distância do mar com o topo do precipício e me encontrou - profundo,misterioso, indecifrável - estremeci, eram olhos azuis ou prateados, mas frios.<br />
Permanecia sentado e me fixava. Então mergulhei em águas estranhas, ondas rolavam sobre mim, muitas imagens e cores, conhecimentos turvos e uma sabedoria codificada se apresentava.<br />
Sua voz ecoava na minha mente...Ou era a música?<br />
Três segundos se passaram, não lembro mais o que sonhei hoje. Era algo com mar...<br />
Mas que bom que me acordou assim devagar...Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-30892773345044447222013-12-26T16:22:00.001-08:002014-08-19T09:05:13.543-07:00O contorno das pedras e a queda<br />
<br />
Na cidade avermelhada, a rua que caminho em sonho tem um cheiro doce.<br />
Doce que vem das flores... Tão pequeninas flores! Pintam as copas das árvores das quais nascem e em seguida caem aos montes, se ajeitando de tal forma no chão que terminam adornando de amarelo o contorno das pedras na calçada.<br />
Caminho sobre essa calçada, compondo com meus pés azuis mais algumas cenas curiosas. Divirto-me por alguns instantes com isso!<br />
Então o chão parece ter vida e como um ser que acorda de um sono muito longo e profundo, vibra e se contorce todo. As pedras se desfazem estalando sons que não consigo entender, canções que mais parecem bocejos, grunhidos, risos e gritos! Arranham meus ouvidos! Fecho-os com as mãos e busco me afastar, mas sem chão, o que podem meus pés azuis? Se não sapatear desorientados no ar e em seguida comigo cair...cair...e cair num completo escuro, que ecoando risos diz ele sarcástico nunca mais ter fim.<br />
Deixo que assim seja e a cidade vermelha junto com a rua cheirosa ficam para trás com alguma lembrança de flores amarelas que já me escorregou no decorrer do cair.<br />
E muitas outras memórias vão se largando de mim, muitas outras histórias vão sem recriando sem pudor, muitas identidades vão se revelando, se despedindo e em seguida tornando a me encontrar.<br />
E eu que já me perdi no breu, nem ouso pensar, tudo passa como um filme, ou uma história contada que fala sobre ninguém e sobre lugar nenhum.<br />
As vezes, de repente, sinto aquele cheiro doce! E isso me faz lembrar que tudo é sonho. É sonho torto, é só um sonho...<br />
Sempre foi e talvez sempre será...Uma queda sem fim.Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-14994688486949278692013-11-08T15:13:00.000-08:002014-08-19T13:15:34.891-07:00Terra viva<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 17.98611068725586px;">Centelhas do meu coração</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 17.98611068725586px;">palpitam entre as folhas úmidas</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.984375px;">em meio à troncos e raízes</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 17.98611068725586px;">bebendo na terra viva</span></div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 17.98611068725586px;">
</span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 17.98611068725586px;">a doce seiva do sol</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDsp1kbu5yOwSNOCbsMeDIj8ybOInIo8WfDbBnMVOawvFMLJU_y6urwgfmOAqtZ_QuOPeWKMNP4lAw3uFVQLrpClx-SyOhfZS2xcgFUPudxJ_cFcRz9qeF2a2RvboH79cfxeXcHoAVqP4/s1600/3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDsp1kbu5yOwSNOCbsMeDIj8ybOInIo8WfDbBnMVOawvFMLJU_y6urwgfmOAqtZ_QuOPeWKMNP4lAw3uFVQLrpClx-SyOhfZS2xcgFUPudxJ_cFcRz9qeF2a2RvboH79cfxeXcHoAVqP4/s400/3.jpg" height="266" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Registro em um dia lindo da linda plantinha chamada Centella asiática</td></tr>
</tbody></table>
Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-57503723829459221142013-10-28T17:00:00.000-07:002014-08-19T10:04:43.721-07:00Fracasso<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Fracassei. Fracassei com gente que só quis o bem. Fracassei
com animaizinhos que não soube cuidar. Fracassei com plantas que esqueci de regar. Fracassei comigo mesma quando calei
querendo falar. Fracassei quando corri da chuva não querendo me molhar.
Fracassei quando fiz fechar o tempo não vendo o sol lá brilhar. Fracassei
quando esperei demais e quando não esperei ninguém. Fracassei quando não soube
amar. Fracassei quando amei. Fracassei com medo de errar. Fracassei quando
errei. Fracassei quando pensei demais. Fracassei quando senti demais. Fracassei
quando não saí daqui e também quando fiz a mala e fugi. Fracassei para todos os
lados, acima e abaixo. Fracassei sem medo e com toda vontade de fracassar.<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--></div>
Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-90039434054557716132013-03-31T17:36:00.004-07:002014-08-19T12:19:27.561-07:00AmanhecerNasce o sol dando luz ao calor.<br />
Suspira, geme e grita a vida parindo seus filhos a cada manhã.
<br />
Restam pedacinhos sob o lençol que ainda dormem, escondidos nas dobras do sono partido.<br />
Parte do mundo,parte minha que parte de mim.
<br />
Enquanto os olhos abrem, cabem infinitos nesta fração de segundo.
<br />
Vejo meus irmãos chegando, vejo eles partindo...Lembranças de últimos olhares, gestos de carinho.
<br />
Onde estão?
Talvez nas dobras ainda dormindo.
<br />
Mãe, Pai, mergulhados na terra e no céu, tão distantes por vezes que
faltam...O afago da natureza e o chamado discreto de algo além. <br />
Nesta fração de segundo a luz entra rasgando os devaneios e o marasmo do quarto noturno.
<br />
A manhã estica os bracinhos, se espreguiça, boceja e sorri. Conduzindo com malícia o novo dia de buscas, partidas e chegadas.Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-3546714281181127722012-08-23T13:49:00.005-07:002012-08-23T13:51:52.638-07:00Maré vazia, maré enchendo...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLRycdiSCArb4xvino5dbCZcBlYHE8vEQjCXcl9xSXXcl3UufTTCw-8AOW636U2O1QyGsHEPzLVOlDy12s7BoAUvfPKIg0_OU0yMI2Mhb2T_QTC2SVntHyhlXIZrZktTaa3rGl6jHxFBs/s1600/Franciscoe21deJaneiro068.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="150" width="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLRycdiSCArb4xvino5dbCZcBlYHE8vEQjCXcl9xSXXcl3UufTTCw-8AOW636U2O1QyGsHEPzLVOlDy12s7BoAUvfPKIg0_OU0yMI2Mhb2T_QTC2SVntHyhlXIZrZktTaa3rGl6jHxFBs/s200/Franciscoe21deJaneiro068.jpg" /></a></div>
Sentei à beira-do-não-mar,a maré estava vazia.
Havia apenas lama ao alcance dos pés, água e sal acenavam seu brilho à distância.
A garganta estava amarrada com nós de mágoas, caminhei até ali para chorar e chorei.
Chorei, chorei, chorei...E as lágrimas caíram onde deveria ter mar - do transbordar, ao cessar.
Num instante suspenso, ausente de sofrimento, percebi o vento aumentando, empurrando a maré de volta pra perto! E assim bem de pertinho, de pouquinho em pouquinho, vi a maré encher... Cobrindo a lama com seu brilho, novamente!
E foi tão lindo, foi um momento carinhoso, sorrindo pra mim...
Nem precisei ver até o fim, levantei e saí por aí, com a sensação do vento empurrando e de maré enchendo - lá fora e aqui dentro...
Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-5139112293184253622012-03-26T05:52:00.003-07:002014-08-19T08:28:23.038-07:00Pequena velha criança<br />
Ouço sua respiração de singela tornar-se pesada. Controla-se afim de não desaguar, mas aos poucos ofegante, o inevitável parece dolorosamente se aproximar. É seu choro contido, engatado em cada célula do seu corpo, prestes a romper no silêncio da noite solitária.<br />
Em trancos seus músculos se contraem, são jorros de emoções tantos anos aprisionadas. Vítimas amordaçadas de tantas repressões, agora no auge da sua idade elas enfim se libertam.<br />
Pequena velha criança, apesar de toda maturidade se vê mergulhada em infinitas perguntas não respondidas. Ninguém se esforçou para lhe ajudar, e quando por suas mãos conseguiu se guiar descobriu que não havia a verdade absoluta para qual caminhar.<br />
Arrependimentos não vão te fazer retornar e você sabe. Sabe que todo sofrimento que passou não podia ser evitado, e se agora chora, não é por tristeza, nem por tudo que deixou escapar. <br />
Chora por vontade de chorar... Chora para se lavar...<br />
Oferece suas lágrimas em agradecimento e sussurra ao invisível, que se hoje chora feliz, é porque apesar de tudo, você ainda consegue chorar...<br />
Pequena velha criança que busca se encontrar, enxuga as lágrimas, fecha os olhos e escorrega aliviada no breu, mergulhando lentamente<br />
Para dentro de si mesma...<br />
<br />
<br />Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-84961635691085322292012-03-08T07:43:00.007-08:002014-08-19T09:07:27.218-07:00Peito à dentro<br />
<br />
Abraça lento o vento<br />
<br />
Deleita-se em acalento<br />
<br />
Farfalham folhas secas<br />
<br />
Anunciando a lua branca<br />
<br />
Uma fuga atrás das nuvens escuras.<br />
<br />
<br />
Atravessa calma sua voz meu peito à dentro<br />
<br />
Esse que aberto, repousa no breu noturno<br />
<br />
Pulsando embriagado, de tanto sentir-se amado...Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-44294138977417868382011-11-24T14:22:00.000-08:002014-08-19T10:05:14.655-07:00Veneno<br />
Enquanto você fala, quase não ouço. <br />
<br />
Perco-me em seus olhos confusos, aprisionados. <br />
Assusto-me com o veneno escuro e viscoso de suas palavras,<br />
transbordando de sua boca, <br />
corroendo seus lábios, <br />
escorrendo em sua pele, <br />
precipitando de sua face.<br />
Face distorcida pelos sentimentos amargurados...<br />
<br />
Vejo esse veneno medonho alcançar o chão, <br />
E espalhar-se por toda extensão<br />
Vem em minha direção.<br />
<br />
Quero correr,<br />
Quero proteger meu coração.<br />
Mas parece ser tarde, ele me pegou!<br />
Começo a sentir ódio,<br />
Agora também quero falar, quero vomitar,<br />
Vomitar todo mal em cima de você.<br />
<br />
Sinto o veneno transbordar em mim<br />
Palavras saem como lanças<br />
Meus lábios... Ardem.<br />
<br />
Mas o sangue aqui dentro jorra violento contra as veias<br />
Está lutando contra o veneno que quer tomar-lhe o lugar<br />
E no seu louco pulsar, em desespero ele grita para mim:<br />
- Não, não, não... Pare, pare!<br />
<br />
E então... Eu o ouço.<br />
Largo as pedras.Desmancho.<br />
Abaixo a cabeça, aceito.<br />
<br />
Fere, fere meu ego,<br />
mas não meu coração!Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-57318993444078938382011-05-29T13:00:00.000-07:002011-05-29T14:05:06.742-07:00Contra o ventoA vida corre na velocidade do vento,<br />Sai arrastando tudo e rearrumando ao seu modo.<br />Somos poeira no vento,<br />Oscilando em incertos caminhos,<br />Passamos por tudo, mas a nada podendo nos agarrar...<br /><br />Perdas, conquistas;<br />Quantas delas ainda nos entregaremos?<br />Quantos altos e quantos baixos serão necessário<br />Para perceber<br />O que agora<br />Não somos capazes de compreender...<br /><br />Voa voa pássaro<br />Investe contra vento<br />Esvaem-se todas suas forças<br />Até perceber que apesar de tudo <br />Seu pequeno corpo não saiu do lugar...Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-46071537604142057022011-01-12T13:54:00.000-08:002011-01-12T14:02:19.480-08:00Um convite ao vômito<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQKaUYT5nKiuiF8Sywd_yKlHiuOQv0NUrdIPbvAsp9w4vnqUW2Tqm82kcZpmcqNj7cUeH1iFYdVmimJfAw5MUKghooFW87GDbTPmWMNR3YWNyU2SH-k-xpbnzqd9jO6gXQ6cpMkFWIuG8/s1600/balloons.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQKaUYT5nKiuiF8Sywd_yKlHiuOQv0NUrdIPbvAsp9w4vnqUW2Tqm82kcZpmcqNj7cUeH1iFYdVmimJfAw5MUKghooFW87GDbTPmWMNR3YWNyU2SH-k-xpbnzqd9jO6gXQ6cpMkFWIuG8/s200/balloons.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5561422634835530450" /></a><br />Gostaria de poder abrir todas as gavetas de minha memória, e pasta por pasta folhear todos os registros de minhas lembranças, detalhe por detalhe, degustar todos os segundos que se passaram, do primeiro dia, até o dia em que aqui estou. E VOMITAR TUDO EM SEGUIDA.<br /><br />Impensável seria o dia em que nada mais estivesse oculto no esquecimento. Que mais nenhuma ação fosse provocada por qualquer motivo escondido no obscuro inconsciente. Não haveria então conflitos e arrependimentos, apenas escolhas totalmente conscientes. Na mente haveria o brilho, calor e a clareza de um sol, e não mais essas lâmpadas que tão fáceis se queimam. Haveria força e lucidez suficientes para enfrentar todas as conseqüências e todos os imprevistos, sem fraquejar, sem lamentar, e sem por medo chorar.<br /><br />Belo seria o dia em que livres fôssemos, livres de nós mesmos. O passado seria apenas um filme, sem mais a força que nos prende, seja pelo riso, ou pela dor. Não, não seríamos sacos vazios. Seríamos balões cheios de ar, ar cheio de vida, vida cheia de graça. Enfim abertos aos mistérios do universo, com quantas incríveis descobertas não nos deliciaríamos? E quantas delas não nos mudariam, talvez até, por completo?<br />Não, não deixaríamos de amar as pessoas. Aliás, amaríamos mais! Nosso elo seria a liberdade, o amor que o momento pode despertar, ou, o momento que o amor pode despertar. Conceitos, expectativas e ressentimentos, ilusões que o vento levaria embora junto com nossos insensatos apegos.<br /><br />Livrando-se do peso, enchendo-se de ar. Enfim saberíamos como voar! Então, por que não? Vamos vomitar...Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-41218977771781620742010-09-27T12:47:00.000-07:002010-09-27T13:17:43.350-07:00O tempo, seus sentimentos e o sofá vermelhoVocê vem correndo com passos fortes e afobados de um inocente injustamente julgado, e agora fugitiva sobre o sofá vermelho se joga, como quem em desespero quer sumir, mas não sabe para onde ir.<br /><br />Então te vejo chorar, lágrimas de desamparo te escapam dos olhos arrependidos e escorrem sofridos por tua pele envelhecida. Escuto tuas lamúrias, enquanto isso na parede ao lado o relógio dita o tempo, que irreparável se perde no pulsar dos segundos, dos minutos, das horas, dos dias, dos anos e de toda sua incerta vida.<br /><br />Envolvida e afundando nos seus pensamentos de vítima, deita-se com seu longo vestido preto e dobra-se como um feto desprotegido. E assim, meio inconsciente, lamenta aos prantos o funeral da sua essência e a morte do seu próprio presente.<br />Este que lhe atormenta, condenado pelos anseios e erros do passado e subjugado pelas inevitáveis conseqüências que te esperam no futuro.<br /><br />Sinto que os ponteiros devoram insaciados a vivacidade de sua alma e a polidez de seu corpo. E já não há passado glorioso para qual, em memórias, você possa escapar. O presente avança para o futuro a cada instante, e toda alegre surpresa de viver se perde em meios a devaneios de sua mente mórbida.<br /><br />O tempo devora sua vida e sua mente devora a você, ao passo que, seus olhos escorrem em águas salobras e impregnam sua face com a quentura úmida dos seus sentimentos...<br /><br />Enquanto isso, na parede ao lado...<br /><br />Tic-tac<br />tic-tac<br />tic-tac...Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-27689668542797096962010-09-10T10:44:00.000-07:002010-09-10T10:59:41.214-07:00blá blá bláA sala é gelada e o professor dita física. Palavras organizadas, idéias sensatas e o bem polido embrulho científico aos poucos vão perdendo a solidez, o sentido se dissipa e a forma se deforma até resultar num distorcido blá blá blá.<br />Força de Atrito, Força da Gravidade, Força Motriz. Me vejo triste, cansada, sem energia, sem vida.<br /><br />Então imagino um lugar onde eu possa me sentir bem. É um suave som de piano que vem se encorpando. Em minha alucinação aquele velho piano quebrado e esquecido no canto da sala ganha vida, e o ar de sua graça me faz sorrir. Pois enquanto aquela boca muda, cheia de razão, articula as velhas e chatas teorias, floreadas com fórmulas decoradas de livros embolorados, ouço a bela música que toca ondulante navegando pelo ar.<br /><br />Surge uma floresta densa e úmida... Não, úmida não, seca.<br />Uma floresta bem espaçosa e seca, repleta de árvores com folhas amarelas, vermelhas, verdes e azuis. Um chão de terra forrado com folhas coloridas que se quebram em som crocante ao pisar sobre elas. <br />Deito sobre esse chão e sinto o cheiro da madeira ao redor, observo o céu amplo e limpo, enquanto feixes de luz atravessam as copas e iluminam meu corpo, tornando-o quente e agradável.<br />Eu relaxo, agradeço silenciosa e durmo profundamente.<br /><br />Acordo feliz, levanto, me estico, caminho lento entre as plantas, descubro uma área mais aberta. Há um poço ali, fixado bem no centro do lugar. Atravesso a extensão, me aproximo e debruço em sua beirada, sinto a pressão do tijolo frio em meu peito, meu coração pulsa contra essa superfície; coeficiente de atrito.<br /><br />Então deixo meu corpo se desequilibrar e cair na escuridão do seu interior. Poço a fundo eu me afundo, leve, rápida, calma e feliz. A força pesada da gravidade age sobre meu corpo, mas é ausente no meu coração.<br />No momento do impacto, abro os olhos, a escuridão é invadida por um clarão angustiante, é a lâmpada; luz forte, irritante, constante.<br /><br />Ainda estou na sala, o professor também, e dita:<br /><br />“ ...Móvel A percorre distância X...<br /><br />...Sofre força contrária no ângulo tal... “<br /><br />Meus olhos pesam.<br /><br />“...Perdendo impulso inicial...<br /><br />...Vai entrando lento na floresta... <br /><br />...Amarelo, vermelho, verde e azul... <br /><br />...Folhas que se quebram...”<br /><br />E o som do piano novamente vem vindo...<br /><br />“...Blá blá blá...”<br /><br />...Suave em ondas volta a compor a música que, embalando meu sono, sobre a carteira e o caderno me faz dormir...Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-25714710557465307172010-08-22T06:31:00.000-07:002012-01-13T18:39:40.755-08:00Presente de Vento - Parte III<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN1SPqWIoT79o_MaY5UMXudzu3YgDl_m913nygzJe3gZWdry1U-cVEC7sFiAwyH8G_HE_Rq25DJy1UMKd384uWJsmaibgDL4cMHyrh0t3DDw8YE4ZkfWhvofruDCqi8-IhUCm8oqhF1LM/s1600/escuridao1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN1SPqWIoT79o_MaY5UMXudzu3YgDl_m913nygzJe3gZWdry1U-cVEC7sFiAwyH8G_HE_Rq25DJy1UMKd384uWJsmaibgDL4cMHyrh0t3DDw8YE4ZkfWhvofruDCqi8-IhUCm8oqhF1LM/s200/escuridao1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5508231090854982354" /></a><br /><br />Voltei para casa em tão perfeita harmonia, que não havia desgraça em volta que me atordoasse.<br /><br />Eu observava tudo com uma imparcialidade alegre, poupei minha mente das críticas, que afinal, eram em vão. A medida que eu caminhava fui compreendendo que apesar de todos os pesares, essa é a sociedade na qual eu nasci, e muito provavelmente na qual morrerei. Compreendi que eu não devia me apegar tanto e almejar com desespero uma "nova era", pois ela dependia de toda sociedade e muito poucos estavam dispostos a sacrificar seus velhos costumes. Talvez viver em prol desse ideal, mas não esperar com tantas espectativas por sua realização.<br /><br />Toda insatisfação dentro de mim distorcia as coisas ao redor, me fazendo perder de viver pequenas maravilhas que aconteciam o tempo todo e que não dependiam de nenhuma lei de oferta e procura, e nem tinham a ver com vendas, mesquinharias ou lucros.<br /><br />Dois pequenos pardais brincam numa poça de água.<br /><br />Não são apenas pássaros comuns, são duas vidas, dois indivíduos que à morte terão que ceder, assim como eu. Mas cada um deles vive a coletividade com tamanho envolvimento e usufrui das possibilidades de sua própria natureza com tanta fluidez, que nada mais poderiam almejar e por nada poderiam lamentar no momento de suas mortes. <br />Enquanto eles brincam, vejo que a morte está presente ali, mas isso não os impede de estarem plenos. Talvez porque eles não a percebam, talvez.<br /><br />Será que a nós humanos, com tanta consciência da nossa mortalidade, podemos viver intensos, plenos e integrados entre nós mesmos e entre a natureza, assim como aqueles pequenos pássaros?<br /><br />Sinto nesse momento que sim, pois é justo essa consciência de que podemos morrer a qualquer momento, que pode nos fazer plenos a todo instante, como se fosse o nosso último.<br />Não posso falar em nome de toda humanidade, mas falo por todos que enxergam ou querem enxergar além de como prega a nossa cega cultura.<br />E a perda foi essencial para que esse bem maior eu ganhasse. <br /><br />Cheguei em casa, e nada era como antes eu costumava achar que era. <br />Entendi que se as coisas estavam amorfas, então eu teria que dar movimento e vida à elas.<br />Os livros e as revistas, todas elas foram lidas, li com gosto, degustando cada palavra, cada informação, cada descoberta, por mais tola que ela fosse com um prazer que nunca antes havia sentido.<br />Dei sentido a todas quinquilharias, fiz arte com elas, dei vida. Nada mais estava ali apenas por estar, ou porque ninguém mais as tirava dali. Assim, fui abandonando a inércia.<br /><br />Se olhar as vitrines me faz mal, não as olho mais. Observo o chão, as pedrinhas, os musgos, as formigas. Admiro o céu, me permito voar com as nuvens e com as aves.<br />Se não há árvores, se não há bela natureza, viajo pelos cinzas dos prédios, pelas fissuras das estradas e reflexos dos vidros.<br /><br />Qualquer coisa me enche a vista , e se pensar no que eu vejo me revolta, então não penso. Apenas obeservo, e alguma poesia consigo arrancar sutilmente dali. <br /><br />Redescubro as cores, as formas e os movimentos, misturo, inverto e exploro os sons, decifro e busco os cheiros, me aproximo e experimento através do tato e as degusto quando sempre que é possível. Brinco com tudo, e isso me faze sorrir, me faz feliz. <br />E se mesmo assim eu me sentir sozinha, busco em minhas preces um amor maior, sem depender de crenças dogmáticas, definições ou religiões. Apenas evoco em mim o sentimento de gratidão por tudo aquilo que me faz sentir viva.<br /><br />Tanto envolvimento e prazerosa dedicação às possibilidades dos meus cinco sentidos, me trouxe a mágica e misteriosa capacidade de desfrutar e depurar aquilo que chamam de sexto sentido.<br /><br />Mas essa é outra história...<br /><br />O que eu queria contar mesmo, eu já contei. Gostaria de terminar aqui, mencionando minhas últimas palavras, com muita sinceridade e boa intenção.<br />Não espere perder algo para dar o valor que ele merece, pois o que voce perder pode não retornar. Páre de apenas pensar e desejar, olhe ao redor, feche os olhos, ouça o vento, sinta.<br /><br />Sinta o ar entrar, te renovar a cada inspiração. Se você tem dúvidas, sinta seu coração pulsar e deixe que suas batidas guiem seus pensamentos e seus atos.<br /><br />Há muita sabedoria dentro de nossos corações, e não há segredos que nós mesmos não possamos descobrir. Só é preciso por insistência e humildade aprender a parar, e os olhos rotineiros fechar, para então melhor enxergar.<br /> <br />Todo resto é consequência...Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-34576238982451380282010-08-16T12:48:00.001-07:002011-05-26T14:04:46.650-07:00Presente de Vento - Parte II<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZMpFhNb49_ar7L55KIgxWHfCQTkCIyD5nw66FSBMCBDmddJ4cr33__5CAEdEh27-haetk7P2nCTkGvslsYkErbcSK0LQMwPi1CCo41u0nJl9H8nAzIi2jHqNaIshyphenhyphenUcIaBnxP3scrvNY/s1600/images.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 145px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZMpFhNb49_ar7L55KIgxWHfCQTkCIyD5nw66FSBMCBDmddJ4cr33__5CAEdEh27-haetk7P2nCTkGvslsYkErbcSK0LQMwPi1CCo41u0nJl9H8nAzIi2jHqNaIshyphenhyphenUcIaBnxP3scrvNY/s200/images.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5506339131606107170" /></a><br /><br />Desde então,lá vem o clichê, tudo mudou.<br /><br />Não gosto de dizer que perdi algo, prefiro assim afirmar que o que eu tinha se expandiu, se alternou de um modo para outro, a fim de me mostrar as coisas além de como as conheço. Isso provocou em mim uma transformação muito mais profunda do que apenas adaptações diante das novas e inusitadas circunstâncias.<br /><br />No dia em que deixei de usar os olhos, passei a enxergar com os ouvidos, com o olfato e com o corpo inteiro.<br /><br />Ninguém soube dizer que foi que aconteceu comigo, nada de anormal havia com meu cérebro, nenhuma atrofia nos meus olhos. Os médicos chamaram de cegueira traumática, minha psique simplesmente recusava-se a interpretar o lá fora com imagens. Essa função estava por tempo indeterminado em greve.<br />E os terapeutas não souberam dizer com o que afinal de contas minha cegueira estava traumatizada. Quando comentei sobre o que eu acreditava ter sido uma intervenção do Vento, passaram a desconfiar que seja qual fosse o trauma, tenha sido tão forte que estava afetando minha razão.<br /><br />Considerada instável e cega, não esperavam de mim mais nada muito coerente. Então rapidamente o fato de não mais enxergar foi me parecendo mais e mais agradável, já que eu andava tão insatisfeita com o que eu via ao redor e não suportava mais ter que corresponder com as egoístas expectativas alheias.<br />Livre da aprovação e julgamento, e despida da minha própria auto-imagem, passei a explorar as novas possibilidades da experiência, com o que eu acreditava ser a total liberdade pessoal.<br /><br />Minhas manhãs eram incomparáveis. Comecei a distinguir cada canto de cada tipo de passarinho e cada som que fazia do raiar um novo começo.<br />Os sons que vinham de dentro de casa, e os que vinham das ruas. Os sons que resultavam de cada movimento que eu dava; o farfalhar das roupas e dos cabelos, o arrastar dos chinelos, o roçar da pele, o estralar dos ossos.<br /><br />Durante as sessões com a terapeuta, eu descobria a minha voz. Falava e falava, não tanto para desabafar, mais para testar os vários tipos de entonação. Fazia uma pausa dramática, para criar um clima, e voltava a falar coisas que muita das vezes nem eram verdade. <br /><br />Ouvir os outros conversarem havia se tornado uma diversão, eu viajava pra variados lugares de acordo com quem falava, o tom me provocava sentimentos, não escutava mais as palavras, escutava a intenção e intensidade.<br />O mesmo acontecia com os cheiros e com o tato. Cada detalhe me arrastava junto com ele, e por um momento ou mais eu me tornava aquilo que sentia. Andar nas ruas era um desafio, tropeções e quedas, cada passo com sucesso era um bom motivo para me motivar. Mas também era um turbilhão de sensações. Os relevos, os sons, os cheiros, enfim, tudo o que faz parte de um cenário atuando uníssono nos nossos cinco sentidos e conseqüentemente passando despercebido, se tornou fragmentável e intensificado.<br />Sem a visão unindo tudo de uma forma óbvia e esperada, meu senso de realidade se abstraiu e se reestruturou de uma forma que nunca poderei descrever realmente.<br /><br />Descobri que mesmo no escuro há uma explosão de movimentos, formas, cores e luzes.<br /><br />O clímax da experiência se fez num dia que ficará marcado, assim como tudo o que presenciei, na minha alma. Resolvi, depois de um longo tempo, ir ao lugar em que mais em paz eu me sentia quando das imagens eu fugia. Caminhei até o trapiche, dessa vez bêbados estavam presentes apenas no cheiro e grunhidos, não era mais repulsa que eu sentia, eles haviam se tornado sensações arquivadas na minha enciclopédia mental de exploração.<br />O fim de tarde que eu presenciei, foi até mais incrível dos que eu antes presenciava. As imagens foram substituídas por ondas de energia, que emanavam de todo cenário em minha frente. Os cheiros, a brisa, e o calor do sol poente se encontravam em tão perfeita união que pareciam um só ser e parecia me abraçar, se fundindo em mim num misto de descoberta, alegria e gratidão. Era a vida, nada mais.<br /><br />A brisa aumentou, se encorpando em vento, crescendo junto com minha emoção, e ali, no momento da minha mais repleta satisfação e exaltação, abri os olhos e fui invadida por luz.<br /><br />A visão voltara.<br /><br />E após um momento de intenso clarão, vi que a paisagem estava mesmo tão linda quanto eu imaginara.Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-80801826364204082012010-08-14T14:22:00.001-07:002011-05-26T14:05:14.083-07:00Presente de Vento - Parte I<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6kRiuLQM-oYCd0zyt3YBS5qgkr6xDCH-DbrxvJ6YvWv40CX31TMb7fYKgioWFaRYRxJ5WHGww5oFYk1UbcuDthjgRi42R2fNjiJ442QVpnAde2PxXYjuHpMEbOQP8ZYEL5QX6wC5lC_Q/s1600/cegueira+3.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 158px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6kRiuLQM-oYCd0zyt3YBS5qgkr6xDCH-DbrxvJ6YvWv40CX31TMb7fYKgioWFaRYRxJ5WHGww5oFYk1UbcuDthjgRi42R2fNjiJ442QVpnAde2PxXYjuHpMEbOQP8ZYEL5QX6wC5lC_Q/s200/cegueira+3.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5505726751447806146" /></a><br /><br />Odiava andar nas ruas, olhar para os lados e só ver vitrines. Ver roupas, moda, padrões, superficialidades e um consumismo absurdo enchendo a cabeça de todo mundo.<br />Ver pessoas cheias de estilo, ornamentando seus corpos com idéias de si mesmos que são vendidas ali na esquina, a quem puder comprar.<br />Pessoas que, apesar de dois olhos, não enxergam que por trás de toda beleza e conforto vendido por esse sistema há escravidão, pobreza e desgraça. E que há gente mesquinha e ordinária, também muito bem ornamentada, cedendo infames por mais vendas e lucros.<br /><br />Pois se elas vissem como eu via e sentissem como eu sentia. Olhariam para os lados, e ao invés de ficarem atraídas, ficariam enojadas. <br /><br />Então eu fugia. Queria esquecer toda falsidade estampada nos sorrisos das propagandas, de toda mesquinharia, hipocrisia, culpa e desespero impregnado nos outros e inclusive em mim.<br />Corria até a beira-mar e até lá eu me incomodava, eram bêbados caídos pelo chão, arrastando-se como restos de gente, gente que aceitou se entregar a qualquer merda na vida.<br /><br />Afastava-me o quanto mais; subia no trapiche que se estendia sobre o mar e lá enfim eu me dissolvia em prazer. Eram o fim de tarde, as montanhas, o mar, o sol se recolhendo e todas as cores refletindo. Eu sentava, deitava, e sentia a brisa arrancar de mim todo sentimento de revolta. Meus olhos naquele momento me traziam paz pelo que eu via, e não mais agonia.<br />A solidão ali era a companhia mais agradável e meu único lamento era saber que logo eu teria que voltar...<br /><br />Minhas manhãs eram quase sempre iguais. <br /><br />Abria os olhos, e a claridade que entrava no quarto me fazia querer fechá-los novamente, ela parecia me mostrar tudo o que eu não queria ver.<br />Era um novo dia, e eu já acordava cansada. Cansada de tudo o que eu já sabia que veria e passaria ao longo do dia, de todas as coisas que eu já tão bem conhecia. Até a bagunça no quarto me perturbava logo cedo, eu o vivia arrumando, mas parecia nunca ficar limpo. Não era a sujeira, eram todas as quinquilharias sobre as estantes, livros e revistas que eu não lia.<br />Gostaria de um dia acordar e nada ter ali, acordar sobre o chão frio; o vento teria levado tudo embora e deixado para mim somente a aventura de viver cada dia sem nada nos bolsos, e nem linhas nas mãos. <br />Apenas a vida, nada mais.<br /><br />Certo dia, sem aviso, e nem nada, eu acordei e nada havia ali.<br /><br />Abri os olhos e tudo continuava na mesma escuridão. Esfregue-os, mas nada.<br />Eis que intuitivamente compreendi; aconteceu que dormi com a janela aberta, o vento me visitou e o que ele levou embora consigo, foi a minha visão.<br />Não acordei sobre o chão frio, foi uma forma estranha de atender meus pedidos silenciosos.<br /><br />Continuei deitada, absorvida por aquela sensação totalmente nova. O que me atingiu não foi desespero, não gritei e não saí correndo às cegas. Limitei-me a ouvir os pássaros a cantar, fazendo da minha manhã um show de sons nunca antes por mim percebido, se quer admirado. E sorri humilde diante da bela ironia, a surpresa de um presente inesperado fez da minha manhã o começo de algo realmente novo...Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-10178421471885425092010-08-11T11:27:00.000-07:002010-08-14T15:10:05.931-07:00Camiinha Vento sem Rumo!Apenas para registrar o dia 11/08:<br /><br />Estava agora sentanda no banco da faculdade, postando o texto do post abaixo e um amigo ao lado olhando, perguntou:<br /><br />-Desde quando você tem esse blog, Carolina Maravilhosa?<br /><br />Eu parei, pensei... Não soube dizer. Então voltei até a última postagem e descobri que logo hoje está fazendo 1 ano de existência!<br /><br />- Faz 1 ano logo hoje!!!<br /><br />Ai então eu gritei: <br /><br />-Feliz aniversário Vento Sem Rumo!!!<br /><br />Todos em volta olharam, até os professores, diretores, estranhos e animalzinhos, sorriram, e começaram a cantar e dançar ritimados e sincronizados um ''Parabéns pra você''.<br /><br />hehehehe<br />Brincadeira, ninguém dançou, e eu também não gritei. E o 'Carolina Maravilhosa' foi exagero meu.<br /><br />Mas hoje é mesmo seu primeiro aniversário! Faz 1 ano que esse vento caminha sem rumo... ^^<br /><br />Obrigado Ellyan, por me lembrar desta data milagrosa. Que Deus lhe pague, com um bom tratamento psiquiátrico. <br /><br />E Obrigada também aos que me acompanham! Gosto muito de vocês! :DBeêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-4410255613450139152010-08-11T11:17:00.000-07:002010-08-14T15:09:24.142-07:00BueirosQuando estou voltando para casa à noite, atravessando as ruas escuras da vila, é como se um clima ali se criasse. Não como num filme de suspense, no qual parece que algo assustador está para acontecer, tão menos de terror, que é pesado, apelativo e cruelmente ameaçador.<br />É um clima de um tipo de filme que ainda não foi criado, mas que se fosse feito, focaria o momento em si, explorando todas as variáveis e possibilidades de um instante, sem se importar em delimitar uma história com começo, meio e fim.<br /><br />As ruas estreitas, escuras, melancolicamente iluminadas por postes sujos de luzes alaranjadas medianas quase fracas. Casas já reclusas, cortinas fechadas, por vezes entreabertas, claridades mudas de televisão piscam entre as frestas. Cachorros atrás e em frente aos portões, grandes, médios, pequenos, deitados, dormindo, em pé, circulando, vigiando em alerta. Olham-me de relance, eles não latem e não me avançam, ainda bem.<br /><br />Talvez por eu caminhar lento, abaixar a cabeça, me curvar ao silêncio, demonstrar respeito. Não, medo não. Eles desprezam o medo, atacam-no.<br /> <br />Caminho sobre a calçada, em baixo dos postes o concreto brilha sob meus passos, parecem milhões de lasquinhas de vidros, refletindo a falsa luz como fazem as purpurinas .<br />Tudo em volta obscurecido, em preto, apenas o brilho do chão, uma música, um caminhante. São centenas de cenas que se criam na mente, seguidas, se sobrepondo, relacionando-se, num fluxo involuntário. <br /><br />A cada esquina que viro, já sei o que vou ver, tão bem conhecidas, todos os dias, todos os dias. Mas o clima sempre é igualmente envolvente, como se ainda fosse a minha primeira vez ali. <br /><br />Há bueiros a cada rua que passo, eles escorrem por dentro e eu os escuto. Durante o percurso são suas lamurias que preenchem a quietude da noite, parece córregos, pequenas cachoeiras que inundam o subsolo, num constante correr de nossas águas sujas.<br />Há noites em que eles choram apenas aos pingos, a cada três passos que traço é uma gota que escuto cair.<br /><br />E o som ecoa em minha mente, reverbera no meu corpo e chicoteia entre os muros até se perder desgastado na extensão do asfalto solitário.<br /><br />Certa vez eu parei para conversar. O bueiro implorava para que eu ali parasse. Fiquei um instante em repouso total esperando ele pingar. E logo pingou.<br />-Ping – De imediato lhe respondi.<br /><br />Ele agradeceu a atenção, então continuei a andar.<br /><br />-Pobre bueiro - pensei solidária delirante - todos pisam nele, ninguém pára, ninguém se importa.<br /><br />Gosto de bruscamente parar enquanto estou andando e ali estagnada ficar por um momento. Tudo continua a acontecer, mas eu parei. De repente, de agente, passei a ser apenas um observador. Sinto que tudo em mim se estagna junto, quase posso ouvir a freqüência cerebral entoando agudo em meus ouvidos. E tudo ao redor se intensifica, o silêncio passa a ter uma presença repleta de movimento.<br /><br />As sensações de perigo e o medo dão as caras, não há ninguém à vista, me sinto vulnerável ali parada, ameaçada e agoniada, mais uma vez centenas de cenas turvam a lucidez. Volto a caminhar com pressa.<br /><br />Antes de abrir o portão, ainda sento no chão e curto mais um pouco daquilo que parece ser uma dilatação na percepção. <br /><br />O poste sobre mim pisca, ameaça se apagar, parece estar me expulsando.<br /><br />Levanto , destranco o portão, abro, fecho, tranco o portão.<br /><br />Acabou o filme.Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-13313814779539390382010-08-05T16:03:00.000-07:002010-08-09T10:44:21.478-07:00DissolvendoFui atingida.<br /><br />Meu olhar se perde na indecifrável neblina dos sentimentos, sinto como se meu coração derretesse lá dentro, transformando-se num líquido quente que escorre e envolve tudo em mim.<br /><br />Apago as luzes, deito sobre o chão sentindo a minha forma se perder no silêncio que agora se expande de dentro para fora. As sensações se confundem, é um calor, é um dissolver.<br /><br />Tudo o que me martelava á instantes atrás simplesmente virou nada.<br /><br />Os pensamentos se perdem das sinapses, o padrão perde o sentido. As letras, as frases, os textos, as obrigações, as expectativas , o dia após dia, o roteiro que guia a rotina, vejo tudo isso perder a solidez que antes os fazia vivos e constantes em minha mente.<br /><br />As dores latejam, se manifestam livrando-se das garras da repressão. E elas querem me dizer algo. Eu sei que querem.<br /><br />-Chega, chega, chega. <br /><br />Agora as escuto, elas suplicam pelo fim de tudo o que me faz mal.<br /><br />Chega? Mas tudo pra mim mal começou... E eu já nem agüento mais?<br /><br />Penso nas pessoas, penso em todas as pessoas, suas dores gritando pelo mesmo fim. São gritos abafados sob quilos e quilos de obrigações, toneladas de erros, culpas e vontades reprimidas. O choro parece inevitável, é solidariedade, pena, não sei, talvez uma profunda identificação com tudo o que as prende. São as leis dos homens atando suas próprias mãos, oprimindo-nos assim como os negros um dia foram oprimidos. Levantamos castelos, levantamos muros, rocha sobre rocha, todos os dias nos sacrificando, nos mutilando, levando chicotadas, para então ali nos isolarmos. A solidão é a penitência por não termos nos manifestado. Não queremos viver cercados por paredes impregnadas de dor, mas não vemos escolhas e nos entregamos. <br /><br />E falo por nós, porque eu e você carregamos a humanidade na alma, e carregamos todas suas escolhas nas costas. Alienarmos-nos dessas escolhas é negarmos a nós mesmos, é fechar os olhos para o que constitui a base de nossa – pseudo - individualidade.<br /><br />Queria que isso fizesse mais sentido do que lendo superficialmente parece fazer. Porque são palavras que fluem e o que é espontâneo, acredito, tem muito mais sentido e verdade do que pensamentos formulados, estruturados, revisados, organizados.<br /><br />Desejaria que todos agora sentissem seus corações derreterem, que deixassem suas resistências caírem junto com tudo o que tem lógica e que se julga necessário. Que deitassem todos no chão da vida, e para arrebentar essas amarras emboloradas que tanto nos fazem mal, que permitissem o calor e o silêncio enfim se expandirem.<br /><br />Acredito que eles têm muito a nos mostrar e querem muito o fazer...Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-87669386778133445052010-07-25T14:54:00.001-07:002010-08-03T14:01:33.089-07:00Universo: Ônibus<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUlzotYqdKsIyG2fYVat7uenqXFZlHEZbJiwh4CtBQFpbLTimJBBC-4yxWB3AsaZrKdD4D0PrTnfY-6oY7z3r8bWe_LlkoyAAHhUY5GZDmx9gc0TPyeVREB_CNMgYbwHWlu6AYn3G0qfU/s1600/PIC038.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 192px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUlzotYqdKsIyG2fYVat7uenqXFZlHEZbJiwh4CtBQFpbLTimJBBC-4yxWB3AsaZrKdD4D0PrTnfY-6oY7z3r8bWe_LlkoyAAHhUY5GZDmx9gc0TPyeVREB_CNMgYbwHWlu6AYn3G0qfU/s200/PIC038.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5500879911346410514" /></a><br /><br />Oi Pessoal!<br />Ando meio sem inspiração ao longo desses dias, algumas chateações tem me tirado a vontade de pensar e escrever. É fase, implicâncias da vida, logo passa.<br /><br />Foi difícil para mim botar isso aqui para funcionar, minha mente andava preguiçosa e eu não tinha saco, nem tempo pra ficar divulgando o blog em comunidade.<br />Mas com um pouco de insistência, com ajuda de Zeus; o rei do trovão( aleluia, senhor! ), e a atenção de pessoas muuuuuito legais, sensíveis e inteligentes que aqui acompanham ( a ênfase no muito, não foi ironia! ^^), o blog deu uma engrenada...<br />Então, não queria deixar aqui no vácuo, pra não acabar morrendo( o blog, não eu! o.O)...<br />Então, resolvi postar uma coisa ( eu não ia postar ) que tinha escrito num dia de bom humor ai...<br />É meio ( quase inteiramente) idiota, mas pra alguém ( que for abobado) pode servir para alguma coisa, assim como serviu pra mim ( que sou abobada ).<br /><br />P.S.: Ta meio mal escrito, é que tá frio,to com um pouco de preguiça de corrigir o texto e descobri ontem que estou com câncer na cabeça...<br /><br /><br /><br />- Calma, é brincadeira. há.<br />---------<br /><br />Quem ai anda de ônibus?<br />Eu ando/- Tristeza não tem fim, felicidade sim...<br /><br />Pois é, volta e meia tenho que enfrentar o busão para estudar e são praticamente 1:30hora de ida e a mesma coisa a volta, em resumo: 3 horas durante os dias de ônibus eu passo sentada com a mente perdida e um baita encomodo na bunda ( tá, tá, glúteos), costas e pescoço.<br /><br />Tanto tempo e tanto dinheiro ( 3 e 55 a passagem, absurdos que se perdem em caixa dois ) não podem ser inútil, ou tão mal aproveitado, como ficar pensando : que merda de banco duro, porcaria de motorista, quanta gente fedida, pelamordedeus abram as janelas, calem a boca, quero dormir, velha maldita daqui eu não levanto, ai que dor...<br />Então me ocorreu escrever sobre algumas coisas que eu faço e que todo mundo pode fazer quando não suportar o tédio do ônibus ( já que ler no sacolejo é um grande desafio ). <br />Não são idéias maravilhosas, são bobeiras que descobri na rotina,pois de tanto não ter nada o que fazer, a mente acaba achando com o que se distrair e as vezes até acabo me divertindo, se não rindo, sozinha. <br /><br />Hoje, durante a ida, eu embarquei numa coisa muito idiota, mas foi divertido ( ou quase ).<br />No eterno mar de tédio onibusal cujo qual eu me encontrava boiando, enquanto olhava tudo correr janela a fora, já sentindo o estomago reclamar num embrulho, sem querer encontrei uma sujeirinha no vidro da janela, um pouco acima do nível dos olhos, e debilmente fiquei observando ela.<br /><br />O engraçado é que ela tinha forma de um animalzinho ( noossa, super engraçado), e de tanto olhar, percebi que ela parecia correr contra tudo o que estava lá fora. Ai reparei que quando minha cabeça se mexia pro lado ou pro outro, pra cima ou pra baixo de acordo com a movimentação do ônibus, vi que o pontinho respondia ao contrário ao movimento do meu olhar ( oh, descoberta incrível ).<br />Se abaixava um pouco a cabeça o pontinho subia em relação as coisas do lado de fora, o contrário acontecia se eu levantava a cabeça, e o movimento para frente e para trás ( em sentido paralelo ao vidro ) correspondia com a desaceleração e a aceleração do pontinho em relação aos objetos de fora.<br />Então me ocorreu transformar minha incrível descoberta- meu pai se chama Newton- num game real! *_* <br /><br />Como o ônibus anda devagar e as vezes parando, fica fácil brincar com isso. <br />No caso, eu sou o pontinho e posso correr, pular, voar, por cima das casas e prédios lá fora. Hehe<br />Foi totalmente retardado o negócio, porque eu me enpolguei e tava empenhada no desafio. Baixava e levantava, ia pra frente ou pra trás com a cabeça pra controlar os movimentos do pontinho. Quando o ônibus parava nos pontos eu aproveitava pra lutar com alguma letra do out-door, ou com alguma pessoa na rua, ou pegar ( imagináriamente) algum objeto, reabastecer energia e vida, pulando em cima dos desenhos de coisas nas placas e propagandas... Enfim, vale a capacidade de ser criativo e imbecil de cada um.<br />Então quando eu cansei, eu marquei o lugar onde eu parei de jogar e salvei a fase, pra no outro dia continuar dali. Hahaha (ria, por favor)<br />Isso é extremamente idiota ( o auto-ataque é melhor defesa), mas eu só reparei depois de brincar, quando senti que estava sendo meio que observada. Não me aguentei e tive que rir sozinha, imaginando a cena pra quem vê de fora e não entende a a brincadeira. Ainda que fui discreta, agora imagina uma pessoa que se empolga na parada e começa a fazer barulhos com a boca, levanta e senta para manobras radicais, se empolga de verdade. <br /><br />-Crendios pai, olha aquilo, deve tar possuido.<br /><br />E tem mais, dá pra até desenhar seu personagem na janela se não se contentar com uma manchinha em forma de bichinho, aueha. Tipo com acessórios, armadura e pá.<br /><br />E se o motorista for pé de chumbo, ae o jogo é mais complicado, seus movimentos e reflexo terão que ser rápidos. he-he<br />Por favor se alguém tentar fazer isso no ônibus, deixe aqui seu comentário, me xingando, ou não, sobre a revolucionária experiência !<br /><br />Garanto que esse é um bom exercício pra testar sua paciência e imaginação. ;x<br /><br />P.S.: A foto foi montagem de minha autoria. No paint. Incrível né? Eu achei. u.u<br />Prestando homenagem ao hilário e idiota Jim Carrey. ^^ ( noossa, ele não vai nem dormir hoje, tamanha a felicidade.)Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-54795848507955557042010-07-19T05:41:00.000-07:002010-07-19T05:54:19.176-07:00A verdade sobrepostaDesisto, sento na cama e me deparo em frente ao espelho, mas o que eu vejo ali, refletido naquele vidro, não sou eu.<br /><br />Intimista me olha, cabeça baixa, parece que bufa, vigilante, quer atacar.<br /><br />Eu estou aqui, observando, na beira da cama, dividida entre o que sinto e o que vejo. O que vejo, é minha imagem, parece também estar me observando, e o que sinto, diz que algo me observa sim, mas o que ele aparenta é apenas uma máscara: a minha.<br /><br />Por um momento a imagem se destaca e tudo refletido ao redor parece brilhar e pulsar. É como se estivesse em uma transformação quântica, energética, ou extra-física. Então o que a princípio era uma dualidade, duas realidades opostas, um delírio talvez, em seguida se revela apenas uma única verdade. A verdade é que as oposições se sobrepõem; a realidade que eu desejo é manchada pela qual agora eu vejo através do espelho.<br /><br />Não sou eu, mas faz parte do que eu sou.<br /><br />Parece ser um monstro que se apropria de mil formas. Monstro da desgraça, se alimenta do medo e dos vícios, produzindo cada vez mais aquilo que consome. De repente minhas dores ganham sentido, elas vêm dessa dimensão obscura, são resultados da inércia, que não é minha, mas que age em mim. E são alimentados por este, que agora me observa.<br /><br />Minha visão então sai do foco, se embaça por um instante, parece que se interioriza e no momento seguinte torna a estabilizar. Parece não haver mais nenhuma presença, é mesmo meu reflexo frio que voltou ali fixar, ninguém mais bufa do outro lado, por enquanto. E eu sei que voltará, recolheu-se da consciência, para nos confins do inconsciente repousar, me acompanha, da mesma forma como a maioria das pessoas parece ser acompanhada.<br /><br />É essa presença pesada, perturbadora, e muito bem disfarçada, que incomoda, descontrola e alastra sutilmente a loucura entre os homens e mulheres, cujos quais de geração a geração cegamente a sustentam, sem perceber que por trás das imagens e de todo sentimento, há um reflexo sinistro. São monstros que arrastam muitos para o poço escuro e detestam ser descobertos.<br /><br />-Descubra-o - sussurra o espelho.<br /><br />É de madrugada, não consigo dormir.<br />Eu, saturada, talvez esteja apenas com os sentidos confusos, ou então o espelho tem razão, que toda essa confusão, seja na verdade uma alerta - despertar da escuridão e ver enfim que o que vive dentro de nós é uma inconsciente prisão - e não delírios apenas.Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-57068418494162022942010-07-17T09:56:00.000-07:002010-07-17T10:04:19.138-07:00Voltando para casa...Essa é uma sensação mágica, tão conhecida, mas também tão distante da memória.<br />Eu cresci e esqueci como é me sentir assim.<br /><br />Enquanto subo as escadas, é como se as lembranças submergissem à luz da consciência, cada vez mais, degrau por degrau.<br />As árvores ao redor, o silêncio e o ar gelado desse lugar vão me envolvendo profundamente, não se trata apenas de uma casa, não é apenas um quintal, nem é somente uma mata que o circunda, é na verdade, para mim, um outro universo.<br /><br />As vozes e os barulhos da rotina vão se afastando rapidamente à medida que me aproximo daquilo que à um tempo foi a minha vida, uma vida de alegria, mistérios e descobertas: o lar da minha infância.<br /><br />Não sei bem como explicar, parece que algo mais profundo está acontecendo, o sol brilha diferente aqui, é morno e acolhedor, não é mais aquele sol agressivo do qual tanto eu fujo. Venta forte, venta suave, incrível como sempre venta aqui. As árvores e toda a mata, no seu eterno balançar, folhas que farfalham quase como o som das arrebentações no mar. O movimento das copas formam uma orquestra, são ondas velejando, uníssonas, na harmônica integração da natureza.<br /><br />Cruzo a varanda, abro a porta, pesada, antiga. Quantas vezes a abri num solavanco, correndo com passinhos curtos de criança, gritando pelo pai e pela mãe, para contar eufórica a desgraça do vizinho, ou chorar em desespero o corte que ganhei no tombo que levei.<br /><br />Todos os móveis, todos os cantos dessa casa me conhecem. Eles me observam simpáticos, de braços abertos me cumprimentam receptivos, devem estar pensando : olha quem voltou, e como cresceu!<br /><br />Mais uma vez subo escadas, enroladas em caracol, uns anos atrás elas pareciam tão grandes, agora mal passo por entre os dois corrimãos.<br />Estranha é sensação de entrar naquele quarto, também parecia ser muito maior.<br />Caminho lento, invocando inconsciente discretas lembranças de menina.<br />Abro as janelas, teias de aranhas se rompem, o vento entra, me atinge, me rompe também. A paisagem invade os olhos, me rouba o ar. Tudo lá fora parece brilhar, cintilam luzes, espalham cores. E quantas cores... Nunca havia percebido a quantidade de cores que pulsam da mata, só de verdes parecem ser milhares!<br />Lembro-me das tantas vezes em que me imaginei pulando daquela janela alta, num impulso tão grande que me fizesse voar veloz por entre as arvores, explorando a profundeza verde, densa e misteriosamente cheia de perigos, que jazia ali. Até leões imaginava saindo da escuridão úmida da floresta.<br />Deito na cama, era onde dormia minha mãe, esse era seu quarto. Ela tinha poderes mágicos e me disse certo dia que foi o quarto que a ensinou muito desses poderes. Talvez agora ele também pudesse me ensinar...<br /><br />Cama gelada, meio úmida, suave cheiro de bolor. Tudo aqui parece ser úmido e embolorado. Quem sabe eu pudesse trazer vida e movimento aquela casa novamente.<br />O ar entra e circula. É o mesmo ar no qual corvos voam sobre o teto, e ele trás algo para mim. Parece carregado de sentimentos, ou melhor, parece carregado de essência. Entra pelos meus pulmões, expande meu corpo e me diz que esta é a essência do que sou.<br />Uma paz profunda me toma, é um momento impagável, a vida me trouxe ali novamente e me mostra o que é realmente indispensável.<br />Soa como um convite. Um convite para abrir as portas e janelas da casa-infância que reside em mim e em todos nós, e deixar esse vento circular, varrendo todo o bolor impregnado nos sentimentos reprimidos.<br /><br />Quando eu estava confusa, procurando desesperadamente saídas, uma pessoa me disse para parar e cultivar a minha essência. Por um tempo eu me perguntei qual era ela, e sem respostas certas, comecei a me dedicar e assumir as coisas que me fazem bem, escrever é uma delas. E devo dizer que deu certo, a confusão se transformou em algo produtivo! <br /><br />Então o destino quis que eu voltasse a morar no lugar em que mais me traz inspiração. E no momento em que deitei na cama, o vento me atingiu e me fez sentir tão nítido a tal da minha essência, cuja qual acredito que seja a essência perdida de todo ser humano.<br /><br />Respiro profundo, solto o ar com alívio e grata sorrio: - sim, meu lar, acho que estou voltando...Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-9038777376453097614.post-52331616745543450482010-06-23T11:08:00.000-07:002010-06-29T12:17:45.158-07:00Janela Fantasma<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP_45Pm_rhyUNaLk75ITlID8waqDVM1wHEUb20Ra2CBkO0QM5yTSOnPYlDwfhmFgiMx9aQwCub68inh8HMhtZOOY1113u47et9ipGKe4yme5UzfecwaFzmQ7AeBXzNXdJQzW_LCJtl498/s1600/janela+2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 130px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP_45Pm_rhyUNaLk75ITlID8waqDVM1wHEUb20Ra2CBkO0QM5yTSOnPYlDwfhmFgiMx9aQwCub68inh8HMhtZOOY1113u47et9ipGKe4yme5UzfecwaFzmQ7AeBXzNXdJQzW_LCJtl498/s200/janela+2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5488276931793394450" /></a><br /><br />Estou atrás da janela, observando.<br />Daqui de cima, nessa sala vazia, eu não sou ninguém. Não há ninguém aqui para me lembrar qual é o meu nome, nesse momento, faço apenas parte de uma janela.<br />Vejo crianças, pré e pós-adolescentes, posso ver cada aluno ali, e posso ver todos ao mesmo tempo. Muitos circulam pelos pátios, muitos correm atrás de bolas pelas quadras de esporte.<br /><br />Garotas, sentadas, fofocando, debruçadas no parapeito, rindo, brincando, correndo atrás de garotos,.<br />Garotos jogando, se empurrando, se chingando, rindo, brincando, correndo de garotas.<br />A menina dos cabelos louros, jogados sobre um ombro, de óculos delicado, parada ali, com cara de Julieta, esperando que algum Romeu enfim enxergue sua beleza, sua delicadeza.<br />Ela é bonita, mas nenhum Romeu liga, há muitos e muitas ali para se reparar apenas em uma, eles querem apenas correr e se divertir.<br />Mas ela espera...<br />Há muitas Julietas que esperam ali e há muitas Julietas que esperam em todos os cantos desse mundo...<br /><br />Essa é uma escola grande, de muitas janelas e de dois andares. Escola velha, rústica, de mil oitocentos e sei lá quanto, imagino quantos fantasmas devem viver ali...<br />Penso se que há alguém lá em baixo me vendo aqui. Alguém que está ali no meio da agitação, parado, em silêncio, apenas observando e se perguntando o que aquela pessoa estava fazendo atrás da janela, feito uma estátua, e talvez esteja imaginando que eu também seja um fantasma.<br />Talvez esse alguém tenha razão...<br /><br />Vejo um ou outro escorado pelos cantos da escola, inexpressivos, de olhares perdidos, parecem tristes e deslocados. Talvez estejam se perguntando o que estão fazendo ali e talvez sejam daquelas pessoas cujas quais são taxadas de nerds ou fracassadas nesses filmes americanos, sabe? <br />Não, não, acho ninguém me vê aqui, quem naquele turbilhão olha para cima e repara em uma janela em meio a tantas outras?<br /><br />Há uma faixa no vidro da janela, parece um defeito, toda vez que meu olhar passar por ali, a imagem lá de baixo se distorce, fica dupla, embaçada.<br />Então eu brinco. Olho daquele ângulo e escolho alguém lá em baixo para distorcer. Acompanho seus movimentos, e ela se torna a única distorcida na multidão.<br />Pergunto-me então como é sentir-se um deformado no meio da multidão.<br /><br />Bate o sinal, mais parece um toque de recolher na detenção. O professor aparece, recolhe as bolas, algumas crianças reclamam, outras gritam de alegria, enfim o dia terminou. <br />Chega de aulas!<br />O formigueiro se agita, as formigas correm pegar seu material. Observo os corredores, repleto de deslocados e super-locados. Despedem-se, se empurram,saem em grupo fazendo bagunça e saem solitários de cabeças baixas.<br /><br />Achei alguém deformado, perdido no corredor. Observa o movimento ao redor, tenta sem êxito participar daquele fluxo. Não estou olhando através da faixa com defeito, há mesmo alguém ali, baixinha, de rosto feio, ossos largos, olhos miúdos, óculos largo, meio torta. Esperando ser vista.<br />Gostaria de dizer a ela, que agora eu estou a vendo...<br />Ela reconhece alguém vindo em sua direção, é uma mulher de mais idade. Sorri um sorriso torto e desce cuidadosa a escada, meio capengando, e descoordenada vai-se embora de braços dados com sua possível e única amiga, e ao que se parece; sua mãe.<br /><br />Muitos já foram embora, mas as vozes e os gritos ainda ecoam.<br />Hormônios, tédio, histeria, falta de atenção, tudo junto e bem misturado, ou quase.<br />Vejo a faxineira no segundo andar, fumando, num canto, com a vassoura do lado, silenciosa, introspectiva. Em que problemas estará pensando... Provavelmente também está aliviada, porque o dia acabou. Chega de limpar!<br /><br />Aos poucos o povo se dispersa, e o silêncio discretamente se instala. As janelas do prédio começam a ser fechadas, as últimas varridas são dadas. Apagam-se as luzes, fecham-se as pequenas e grandes portas e os que carregam consigo os molhos de chaves dizem até amanhã, sobem em suas bicicletas e enfim vão embora.<br /><br />O tempo fecha, escurece rápido, o vento zune perdido naqueles pátios vazios. Não há mais barulho ali, não há mais ninguém.<br /><br />Na verdade eu já fui embora a dois parágrafos acima, isso quem me contou depois foi à própria janela da qual eu observava. <br />Disse que desde que foi construída ela vê aqueles jovens ali, ano vem, ano vai, velhos saem, novos entram, mas todos os dias eles fazem a mesma coisa. Apesar da aparência alegre e jovial, se parecem com fantasmas, os fantasmas da escola, perdidos no labirinto da mesmice hereditária.<br />E assim como todos, aquela janela, todo fim de dia, também diz ‘até amanhã’, só que ninguém a vê, ninguém a escuta e ninguém a responde.<br /><br />Vai ver, até ela, mergulhada na rotina de seu nada-ser, não passa além de mais um fantasma...Beêhttp://www.blogger.com/profile/12538498009939844320noreply@blogger.com12