sexta-feira, 10 de setembro de 2010

blá blá blá

A sala é gelada e o professor dita física. Palavras organizadas, idéias sensatas e o bem polido embrulho científico aos poucos vão perdendo a solidez, o sentido se dissipa e a forma se deforma até resultar num distorcido blá blá blá.
Força de Atrito, Força da Gravidade, Força Motriz. Me vejo triste, cansada, sem energia, sem vida.

Então imagino um lugar onde eu possa me sentir bem. É um suave som de piano que vem se encorpando. Em minha alucinação aquele velho piano quebrado e esquecido no canto da sala ganha vida, e o ar de sua graça me faz sorrir. Pois enquanto aquela boca muda, cheia de razão, articula as velhas e chatas teorias, floreadas com fórmulas decoradas de livros embolorados, ouço a bela música que toca ondulante navegando pelo ar.

Surge uma floresta densa e úmida... Não, úmida não, seca.
Uma floresta bem espaçosa e seca, repleta de árvores com folhas amarelas, vermelhas, verdes e azuis. Um chão de terra forrado com folhas coloridas que se quebram em som crocante ao pisar sobre elas.
Deito sobre esse chão e sinto o cheiro da madeira ao redor, observo o céu amplo e limpo, enquanto feixes de luz atravessam as copas e iluminam meu corpo, tornando-o quente e agradável.
Eu relaxo, agradeço silenciosa e durmo profundamente.

Acordo feliz, levanto, me estico, caminho lento entre as plantas, descubro uma área mais aberta. Há um poço ali, fixado bem no centro do lugar. Atravesso a extensão, me aproximo e debruço em sua beirada, sinto a pressão do tijolo frio em meu peito, meu coração pulsa contra essa superfície; coeficiente de atrito.

Então deixo meu corpo se desequilibrar e cair na escuridão do seu interior. Poço a fundo eu me afundo, leve, rápida, calma e feliz. A força pesada da gravidade age sobre meu corpo, mas é ausente no meu coração.
No momento do impacto, abro os olhos, a escuridão é invadida por um clarão angustiante, é a lâmpada; luz forte, irritante, constante.

Ainda estou na sala, o professor também, e dita:

“ ...Móvel A percorre distância X...

...Sofre força contrária no ângulo tal... “

Meus olhos pesam.

“...Perdendo impulso inicial...

...Vai entrando lento na floresta...

...Amarelo, vermelho, verde e azul...

...Folhas que se quebram...”

E o som do piano novamente vem vindo...

“...Blá blá blá...”

...Suave em ondas volta a compor a música que, embalando meu sono, sobre a carteira e o caderno me faz dormir...

8 comentários:

  1. Simplesmente maravilhoso! Ah, Carol, adorei toda a situação criada, fiquei me imaginando nela! =D
    Mais um belo texto!
    Beijo ;*

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  2. oie

    =D voltando a postar! legal.

    *_* o que uma aula de física não faz? rs agente é capaz de ter uma viagem astral tao intensa que nos damos ao luxo de descrever os detalhes depois...rs

    só espero que vc consiga passar na prova depois!!! kkkk


    visita la o meu cantinho, tem textos novos.

    Niemi.

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  3. Obrigada!

    hahahahaha
    pois é, física me inspira, só que não em relação ao assunto (certos professores fazem de algo interessante, um verdadeiro suplício)...pena que essas viajens me custaram uma dependência nessa matéria -.o

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  4. aaa como eu qeria viajar desse jeito na sala, Mãas não dá :( .. Aqele Professor trasnforma qalqér sonho em pesadelo ¬¬° , Táa Beem o texto Meeg *-*

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  5. Adorei! Eu doiava física, e quando via também estava viajando, mas nunca cheguei a dormir. Bem que queria. Achei belíssima a descrição da floresta. Estive meio ausente e vou ter que continuar por enquanto, mas queria dar uma passada por aqui e deixar um beijo.

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  6. Do geito que você descreveu a paisagem,até eu fui lá!
    Carol eu amei ganhar o selo,agora eu estou com uma responsabilidade ainda maior,em melhorar e escrever melhor.
    Eu to muito feliz das suas recomendações,certa vez meu ex patrão me disse o seguinte: TODOS nós precisamos receber elogios,o ser humano é sedento de amor.Ele esta certo,ganhar um selo pode parecer coisa pequena para muitos mais para mim foi bom demais rsrsrsrsr!

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